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Rafael Teles

DESTRUINDO A DESTRUIÇÃO


Não pode mais sair de casa

Não pode mais dizê o que pensa

Não pode mais se defender

Não pode duvidar da imprensa


Não pode nem contar piada

Não pode mais nem beber leite

Não pode mais ganhar dinheiro

E nem pescar o próprio peixe


Não pode mais ir para a igreja

Não pode questionar ciência

Não pode mais rezar o terço

Não pode rejeitar demência


Crer em Deus e não no Estado

Pecado não mais perdoado

Querer cuidar da própria vida

Jesus, que cousa mais fascista


Não pode mais ser branco e macho

Jamais ser bravo nem viril

Não pode mais fazer churrasco

Nem a bandeira do Brasil


Não pode mais criar o filho

E nem votar em gente honesta

Não pode criticar Ministro

Não pode mais nem fazer festa


Não pode trabalhar na rua

Não pode mais prender bandido

Não pode questionar algema

Não pode mais fazer sentido


Não pode tomar sol na praia

Não pode falar palavrão

Não pode xingar gente besta

Não pode tripudiar vilão


Deus do céu, que fim funesto

Democracia é mesmo isto?

E se o poder do povo emana

Contra ele mesmo é exercido


Não temerei a própria morte

Deram-me máscara e refil

Morre mil vezes o covarde

E vive morto o bom servil.


Rafael A. Teles, outubro de 2020.

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